19 de dezembro de 2008

O aborto: uma estratégia de controle social?

Há décadas querem impor e generalizar a prática do aborto nos países da América Latina, torná-lo inclusive um direito humano, o direito da mulher torturar e matar um ser humano inocente e indefeso dentro de seu próprio ventre, o direito de eliminá-lo com substâncias salinas, succioná-lo, quebrar-lhe os ossos e privá-lo do direito de nascer e ser acolhido como pessoa. Para isso, os promotores do aborto usam de todos os artifícios e ardilosidades, ocultando pérfidas intenções e interesses sombrios.

A questão do aborto está inserida no contexto do controle demográfico. Os especialistas que fundaram o Conselho Populacional da ONU (em 1952), entre eles, Warren Thompson, já indicavam o aborto como estratégia pragmática para conter e até diminuir as populações pobres do mundo. “O extermínio de milhões de nascituros – reconheceu recentemente o papa Bento XVI – em nome da luta à pobreza, constitui na realidade, na eliminação dos mais pobres dentre os seres humanos”.

O Conselho Populacional da ONU funcionou como cabeça pensante para gestar a implantação do aborto no mundo, estabelecendo uma política global de controle populacional, em fases distintas. A primeira (1952-1959) teve como mentor o eugenista Frederick Osborn, que investiu no desenvolvimento do DIU. Depois (1959-1968), com o demógrafo Frank Notestein, o Conselho Populacional recebeu apoio da Fundação Ford, que se destacou no financiamento do controle populacional, período este em que foram implantadas fábricas de DIU nos países asiáticos.

Na terceira fase, sob a influência da Fundação Rockefeller, foi feito um forte lobby junto ao governo federal norte-americano para incluir o controle demográfico mundial como um problema de segurança interna dos EUA, resultando, com isso, no documento conhecido como Relatório Kissinger, afirmando explicitamente que “jamais nenhum país conseguiu diminuir a taxa de crescimento populacional sem ter recorrido ao aborto”.

Na quarta fase (de 1978 até hoje), houve uma mudança de estratégia. O que antes era pesado investimento na contracepção, hoje os abortistas passaram a investir na modificação da moral sexual, pois o movimento populacional não conseguia ganhar espaço no governo norte-americano, nem dentro da ONU. Com a mudança de paradigma cultural, buscou-se atacar a moral do aborto, para viabilizar sua aceitação junto à opinião pública. Daí os investimentos na dissidência da Igreja Católica, no movimento homossexual, na educação sexual liberal, etc. A partir de então, a mídia deu evidência cada vez maior ao feminismo radical, especialmente após as Conferências Populacionais promovidas pela ONU, de Bucareste, do México, do Cairo e de Pequim. Hoje, há uma forte pressão dentro da ONU, para reconhecer o aborto como direito humano, intensificando a pressão sobre os governos da América Latina para a sua legalização. Em 2003, mais de 700 ONGs financiadas para promoverem o aborto no mundo, reuniram-se em Londres, estabelecendo a meta de tornar o aborto legal e disponível em todo o mundo, até 2015. O governo brasileiro firmou compromisso com essas metas e está condicionado por elas para fazer de tudo para legalizar o aborto, o quanto antes.

Como vemos, a “conjura contra a vida” é um processo de um poderoso sistema (cultural, político e econômico) que age sem que muitos não se dêem conta de estarem sendo vítimas de alienação e manipulação. Agora, temos a oportunidade – com a CPI do Aborto – recém-criada no Congresso Nacional – de apresentar documentos, relatórios e depoimentos para expor e erradicar essa “chaga social”, com isso, trabalhando na defesa do direito à vida dos milhões de excluídos, barbaramente torturados e assassinados, para atender a lógica perversa dos poderosos, que agem contrariando o princípio universal de que a plenitude da vida é um direito de todos e um bem para todos. 

*Hermes Rodrigues Nery é professor, Secretário Geral da Executiva Nacional do Movimento Brasil Sem Aborto, coordena a Comissão Diocesana em Defesa da Vida e o “Movimento Legislação e Vida” da Diocese de Taubaté, é Vereador eleito (PHS) no Município de São Bento do Sapucaí (SP)

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