14 de janeiro de 2010

Pastoral da Criança lamenta morte de Zilda Arns, exemplo de fé na vida


Pastoral da Criança lamenta morte de Zilda Arns
A Pastoral da Criança em Sergipe está de luto pela morte da coordenadora nacional, Zilda Arns, 75 anos, vítima do terremoto que assolou o Haiti, na noite da última terça-feira. A coordenadora estadual, Sílvia Palmeira Cruz, soube da tragédia pela televisão, ontem pela manhã, e confirmou a informação junto à coordenação nacional. Sílvia, que é pediatra, disse que a morte de Zilda é “uma perda irreparável para o Brasil e para o mundo” e que o modelo da Pastoral da Criança já é adotado em 14 países. 
“Ela foi uma verdadeira heroína no sentido de conseguir instituir, através de uma ONG, quase que um sacerdócio em defesa da vida, principalmente a de crianças e gestantes. Apesar da idade, ela ainda tinha um vigor grande e vivenciou o evangelho no sentido de ajuda ao irmão”, opinou Sílvia bastante emocionada. A coordenação da Pastoral da Criança em Sergipe deverá marcar uma missa em homenagem a Zilda Arns, que era médica pediatra e sanitarista. 
Zilda Arns esteve pela última vez em Aracaju no dia 29 de agosto de 2008 – a convite do Núcleo de Apoio à Infância e à Adolescência (NAIA), órgão do Ministério Público Estadual – para proferir uma palestra no Encontro de Articulação entre os Órgãos do Sistema de Garantias dos Direitos da Criança e do Adolescente. Ela falou sobre os bons resultados obtidos pela Pastoral da Criança, nacionalmente, como a redução de índices de mortalidade e desnutrição infantil conseguidos a partir de cuidados básicos, como a confecção de soro caseiro. 
Na ocasião, ela disse que o grande problema era a falta de equipes facilitadoras que pudessem instruir as mães a tomar tais cuidados e que um dos objetivos da Pastoral era preparar líderes comunitários para que, próximos da comunidade, exercessem a função de instruir, proporcionando a redução dos índices. “Não devemos gastar todos os nossos cartuchos em cura e reabilitação. Precisamos trabalhar primeiro na educação e prevenção”, defendeu Zilda.
 
Só em Sergipe, a Pastoral da Criança atende 23.420 crianças, 17.751 famílias, 1.273 gestantes e 
tem 1.566 líderes voluntários. Criada há 26 anos, a pedido da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a pastoral acompanha no Brasil mais de 1,9 milhões de gestantes e crianças menores seis anos e 1,4 milhão de famílias pobres, em 4.063 municípios. Seus mais de 260 mil voluntários levam fé e vida, em forma de solidariedade e conhecimentos sobre saúde, nutrição, educação e cidadania para as comunidades mais pobres.
 

Trajetória 
Zilda Arns Neumann, 75 anos, era médica pediatra e sanitarista, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, fundadora e coordenadora nacional da Pastoral da Pessoa Idosa, organismos de ação social da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Também era representante titular da CNBB, do Conselho Nacional de Saúde e membro do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES). Nascida em Forquilhinha (SC), residia em Curitiba, capital paranaense. Deixou cinco filhos e dez netos. 

O terremoto 
A médica estava em uma missão humanitária no Haiti e participava da Conferência dos Religiosos com o objetivo de motivar líderes e voluntários da Pastoral da Criança daquele país. 
No momento do terremoto, ela caminhava pela rua com um tenente quando ambos foram atingidos por destroços de um prédio que desabou. Também estava com eles a freira Rosângela Alto, de 56 anos, que viajou para o Haiti com Zilda Arns no último domingo. As duas deveriam retornar para o Brasil no próximo sábado. Há ainda a informação de que no Haiti estava a freira franciscana Rosevânia da Conceição, sergipana do município de Capela, e que atuava no Centro de Nutrição da Pastoral da Criança naquele local. Até o início da noite de ontem era desconhecido o paradeiro da religiosa, mas informações do Itamaraty, Rosevânia estaria viva, mas num local de difícil acesso. O governo estima que três milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto.

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