Começa a funcionar a Comissão da Verdade
A presidenta da República, Dilma Rousseff, empossou hoje os sete
integrantes da Comissão da Verdade, que vai apurar as violações de
direitos humanos ocorridas no período entre 1946 e 1988. A solenidade
ocorreu no Palácio do Planalto e teve a presença dos quatro
ex-presidentes da República: José Sarney, Fernando Collor, Fernando
Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva.
A Comissão da Verdade, criada pela Lei 12.528, de 18 de novembro de
2011, terá prazo de dois anos, a partir de sua instalação, para a
conclusão dos trabalhos. Composta por sete integrantes, a Comissão da
Verdade inclui juristas, ex-ministros e intelectuais: Cláudio Fonteles,
Gilson Dipp, José Carlos Dias, João Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita
Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Maria Cardoso da Cunha.
Segundo Dilma, o Brasil e as novas gerações merecem a verdade. Ela
ressaltou que a comissão não será pautada pelo revanchismo e pelo ódio. Leia a íntegra do discurso da Presidenta da República.
“O Brasil merece a verdade, as novas gerações merecem a verdade e,
sobretudo, merecem a verdade factual aqueles que perderam amigos e
parentes e que continuam sofrendo como se eles morressem de novo e
sempre a cada dia”, afirmou. “É como se disséssemos que, se existem
filhos sem pais, se existem pais sem túmulo, se existem túmulos sem
corpos, nunca, nunca mesmo, pode existir uma história sem voz. E quem dá
voz à história são os homens e as mulheres livres que não têm medo de
escrevê-la.”
A instalação da Comissão da Verdade, apontou a presidenta, não foi
movida pelo desejo de reescrever a história. Para Dilma, a instalação da
comissão é a celebração da transparência da verdade de uma nação que
vem trilhando seu caminho na democracia.
“Ao instalar a Comissão da Verdade não nos move o revanchismo, o ódio
ou o desejo de reescrever a história de uma forma diferente do que
aconteceu, mas nos move a necessidade imperiosa de conhecê-la em sua
plenitude, sem ocultamentos, sem camuflagens, sem vetos e sem
proibições”.
Dilma afirmou que os sete integrantes da Comissão da Verdade foram
escolhidos pela competência e pela capacidade de entender a dimensão do
trabalho que vão executar.
“Ao convidar os sete brasileiros que aqui estão e que integrarão a
Comissão da Verdade, não fui movida por critérios pessoais nem por
avaliações subjetivas. Escolhi um grupo plural de cidadãos, de cidadãs,
de reconhecida sabedoria e competência. Sensatos, ponderados,
preocupados com a justiça e o equilíbrio e, acima de tudo, capazes de
entender a dimensão do trabalho que vão executar. Trabalho que vão
executar – faço questão de dizer – com toda a liberdade, sem qualquer
interferência do governo, mas com todo apoio que de necessitarem”, disse
a presidenta.
Na cerimônia, a presidenta também falou sobre a Lei de Acesso à
Informação, que passa a vigorar a partir de hoje, junto com a Comissão
da Verdade. “A nova lei representa um grande aprimoramento institucional
para o Brasil, expressão da transparência do Estado, garantia básica de
segurança e proteção para o cidadão. Por essa lei, nunca mais os dados
relativos à violações de direitos humanos poderão ser reservados,
secretos ou ultrassecretos”.
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